De Educação e Poder Legislativo à Câmara e a Cidade, foram 21 obras publicadas por Jorge Barcellos, a maioria pelo Clube dos Autores, a partir de suas pesquisas, conferências e artigos. Com uma obra que se dedica ao poder legislativo e sua ação cultural, a análise da subjetividade e da cultura ao longo do tempo, dedica-se a análise de aspectos da vida atual a partir de autores consagrados do pensamento contemporâneo.

As ideias políticas no pensamento contemporâneo
Clube dos Autores, 2025, 656 p.
Esta obra é, destinada à formação de servidores públicos por escolas do legislativo e oferece uma análise profunda e acessível das filosofias de dez pensadores fundamentais do nosso tempo: Paul Virilio, Byung-Chul Han, Pierre Bourdieu, Pierre Rosanvallon, Dani-Robert Dufour, Jean Baudrillard, Maurízio Lazzarato, Pierre Legendre, Jacques Rancière e Robert Kurz. Ao explorar temas como o Estado, o poder, as dinâmicas de controle e as categorias fundamentais da política, o livro convida o leitor a refletir sobre os pressupostos que orientam as instituições e as práticas democráticas. Cada capítulo desvenda as contribuições desses pensadores, conectando suas teorias aos desafios concretos enfrentados pelos profissionais do legislativo e da gestão pública. Com linguagem clara e enfoque prático, esta obra não apenas apresenta conceitos filosóficos, mas também os relaciona com questões atuais, como a influência da tecnologia, as crises de representação e as novas formas de exercício do poder.

O futuro da esquerda está no passado
Clube dos Autores, 2025, 544 p.
Quando a esquerda perdeu as eleições em Porto Alegre para José Fogaça e José Fortunati, vá lá, ainda eram forças de centro-esquerda do campo democrático; quando perdeu para Nelson Marchezan e Sebastião Melo, a situação se agravou: agora era para um projeto de direita assumidamente neoliberal. Mas perder de novo para Melo em 2024, “o homem do chapéu de palha”, tornou-se inaceitável numa eleição certa depois da enchente de maio daquele ano: se perdeu, só podia ser porque havia algo de muito errado na forma de atuação da esquerda na capital gaúcha e que resultou nesse desfecho.Debruçando-se sobre esta questão, Barcellos propõe que, para sair do atoleiro em que se encontra, a esquerda precisa substituir Gramsci por Zizek, o materialismo histórico pelo anarquismo do grupo Centelha e a guerra de posição pela guerra simbólica. Sem isto, não haverá futuro para a esquerda.

Agenda Tchê, Anota Aí
Clube dos Autores, 2024, 456 p
É uma agenda pessoal? Principalmente, mas não apenas isso. É um livro de história da cidade? Sim, pois cada dia tem seu fato histórico, mas não apenas isso. A Tchê, Anota Aí Agenda do Porto-Alegrense vai ajudar você com o dia a dia, mas também vai possibilitar que você descubra a história do lugar onde vive, conheça curiosidades e tire dúvidas. Ela tem 12 temas, 1 por mês, como arquitetura, culinária, curiosidades, informações da cidade, entre outras. Porto Alegre é assim: dá matéria para quantas agendas quiser fazer. Com um olhar que combina história e cultura, eu espero que você goste. Eu gosto.

Como escrever um ensaio
Clube dos Autores, 2025, 212 p.
Reunindo orientações para equipes de professores das redes de ensino relatarem suas experiências, “Como se faz um ensaio” é diretamente inspirado no sucesso de Umberto Eco “Como se faz uma tese”. Enquanto a obra de Eco visa formar estudantes universitários na escrita acadêmica, Barcellos visa auxiliar professores das escolas a construírem obras coletivas sobre suas experiências de sala de aula. Produto de uma consultoria em andamento, o autor extrai de sua prática ensaística lições para professores com os traços que alimentam sua relação com a escrita. Com a experiência de mais de 30 anos de publicação de artigos e ensaios nos jornais Zero Hora, Folha de São Paulo, Jornal do Brasil e das plataformas SUL21, SLER, RED, Brasildefators e A terra é redonda, Barcellos mostra nesta obra que escrever pode ser algo simples e divertido desde que esteja associada a uma preocupação constante com a investigação cominsights das artes, do cinema, da filosofia e da vida prática úteis para professores que tem como objetivo registrar suas experiências de ensino.

Neoliberais não
merecem lágrimas
Clube dos Autores, 2024,268 p.
A obra cobre exatos 40 dias da tragédia climática que afetou a vida de todos os gaúchos. Contrariando o discurso dominante de que “não é hora de apontar culpados”, o autor busca entender como a omissão e fraqueza das autoridades permitiu que a maior tragédia climática que ocorreu no estado se agravasse. Associando omissões, erros e opções de governo, revela como o projeto neoliberal no estado e no município são também culpados da tragédia. Criticando as teses do estado mínimo, Barcellos defende que, por um lado, o caos climático estabeleceu no Rio Grande do Sul o “estado de guerra por outros meios” e por outro, que as chuvas não produziram apenas um caos econômico-político, mas da própria subjetividade de uma população duramente atingida por um trauma. Longe de uma visão simplista da tragédia, o autor pretende neste ensaio, o primeiro de análise social publicado sobre a enchente gaúcha, tirar lições para o aprendizado dos aspectos socioculturais e fazer uma crítica forte às consequências do estado mínimo, cavalo de batalha de políticos neoliberais.

O Tribunal de Contas e a Educação Municipal
Clube dos Autores, 2020, 200 p.
Como os Tribunais de Contas podem contribuir para a educação? E como seus conselheiros, munidos das melhores intenções, acabam por ampliar os problemas de professores, estudantes e comunidade escolar? Eis as questões centrais que “O Tribunal de Contas e a Educação Municipal” apresentam ao leitor. Oriunda da análise do documento “Avaliação da eficiência e da eficácia da Rede Municipal de Ensino Fundamental de Porto Alegre” produzido pelo Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul em 2016, este estudo aponta para o redirecionamento dos objetivos e funções desta instituição na atualidade: para o autor, o órgão está passando por uma transformação de seus objetivos, que deixam de ser fiscalizatórios para se transformar em agente de políticas públicas. Estudo essencial para compreender o funcionamento dos Tribunais de Contas na era do espetáculo político, a obra revela os dissensos entre conselheiros, auditores, professores, secretários de educação e pesquisadores acadêmicos e sugere que o estudo do TCE/RS termina por agir no sentido contrário dos objetivos de seus autores, contribuindo para aprofundar a crise da educação municipal .

Lugar de Mulher
Unidade Editorial, sem data, esgotado.
Esta pesquisa serviu de base para a exposição homônima realizada pela equipe do Núcleo de Estudos e Pesquisas do Museu Joaquim José Felizardo. A obra descreve o cotidiano de quatro escolas femininas de Porto Alegre no inicio do século XX: Colégio Sevigné, Seção Feminina da Escola Parobé, Instituto de Educação Flores da Cunha e Colégio Bom Conselho. Com uma ênfase na educação para o lar e na educação profissional, revela como as escolas colaboraram na criação de um ideal de mulher, seja do lar, para as classes altas, ou para o trabalho, nas classes subalternas.

Memória dos Bairros Glória
Unidade Editorial, 2000, 124 p. Esgotado
Este volume apresenta a história de um bairro a meio caminho da zona sul de Porto Alegre, a partir do final do século dezenove. Traz informações sobre a história econômica e política do bairro a partir de entrevistas biográficas e da análise de documentos pesquisados no Arquivo Público Municipal. Obra do projeto Memória dos Bairros, da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, com outros autores, tem como base a metodologia de História Oral, tendo sido realizada com entrevistas com moradores e analise de documentos, com fotos originais do período de formação do bairro. A obra teve orientação de Marion Kruse Nunes, do Centro de Pesquisa Histórica da PMPA.

Memória dos Bairros Santa Rosa
Unidade Editorial, 1993, 80 p. Esgotado.
Esta pesquisa parte dos depoimentos de quem participou da luta específica no bairro da Grande Santa Rosa em Porto Alegre e a situa no contexto da luta do movimento popular pela conquista de equipamentos de consumo coletivos. Com a utilização do método de história oral, com a realização de entrevistas com moradores do bairro, a obra dá ênfase ao projeto de luta pela defesa do direito à educação no Bairro. Projeto coordenado por Marion Kruse Nunes do Centro de Pesquisa Histórica da PMPA.

A Câmara na Cidade
Câmara Municipal, 2023, 340 p.Esgotado
A obra contém 303 imagens fotográficas, a maioria de logradouros públicos no século XIX, dos principais acervos de Porto Alegre, especialmente do Museu Joaquim Felizardo. A pesquisa é do historiador e servidor Jorge Barcellos, da Escola do Legislativo Julieta Battistioli da Câmara Municipal de Porto Alegre, A obra foi integrante do aniversário de 250 anos do legislativo da capital gaúcha e presta uma homenagem ao historiador Sérgio da Costa Franco, falecido em 2022. Organizada em três linhas que se sobrepõem e que podem ser lidas separadamente. A primeira segue a história política da cidade na região; a segunda insere o nascimento dos equipamentos urbanos fomentada pela Câmara na evolução urbana de Porto Alegre e a terceira, de caráter ilustrativo, é feita através de fotografias de época que mostram as ações dos vereadores, equipamento à equipamento, onde a obra de Sérgio da Costa Franco é a principal fonte de pesquisa.

O paradigma estético
Clube dos Autores, 2020, 276 p.
Reunindo estudos realizados no calor dos debates sobre modernidade e pós-modernidade entre 1989 e 1993, o autor encontrou o fio da meada: frente às dúvidas e angústias para o avanço da pesquisa em Ciências Sociais, o que estava em jogo era a emergência de um novo paradigma, o Paradigma Estético, voltado para direcionar o olhar dos pesquisadores para a experiência coletiva, a subjetividade e a vida cotidiana. Mais tarde, no Brasil de Bolsonaro, quando os mesmos pesquisadores descobriram que o debate sobre a construção da subjetividade coletiva era uma questão central de poder, ficaram atônitos. Como foram incapazes de prever o movimento que levou Jair Bolsonaro ao poder? Essa incapacidade de diagnosticar o real, de antecipar a catástrofe, só pode ser explicada por uma falha de formação, a ausência da apropriação de um debate que foi um dos mais importantes daquela geração. Reunindo estudos do final dos anos 80, época em que se formou a geração do autor, “O Paradigma Estético” apresenta o modo como a teoria social oferecia oxigênio para a esquerda e porque ela foi incapaz de ampliar a base de suas crenças para se revigorar. As dicas estavam no ar. Os autores novos, chegando com suas ideias inovadoras e polêmicas. Hoje, para enfrentar o êxtase neoliberal, a esquerda precisa correr atrás do prejuízo.

O olho de Deus
Clube dos Autores, 2020, 208 p.
Coletânea de artigos publicados na mídia eletrônica durante o ano de 2015 pelo autor, a obra descreve a reforma administrativa da Câmara Municipal de Porto Alegre daquele ano. Ela mostra que, por detrás das ações que aparentam a modernização do poder legislativo, realizou-se a encarnação desta ficção do “Olho de Deus”, através de um projeto de reforma baseado na ideia de transparência e controle absoluto dos servidores a partir de medidas de recursos humanos adotadas que, segundo o autor, encarnam o ideal de Horapollo. Entre as questões levantadas na obra estão: qual o significado da transparência absoluta quando ela se torna obsessão dos administradores? Como podem ser feitas reformas administrativas democráticas que envolvam os servidores públicos e não sejam contra eles? Quais são as possibilidades e limites das reformas administrativas de recursos humanos em Câmaras Municipais? A obra é uma espécie de diário de campo e um estudo ensaístico essencial para compreender a construção de consensos e dissensos entre os atores envolvidos em reformas institucionais

A incrível história do programa que encolheu
Clube dos Autores, 2020, 408 p.
Este livro trata dos programas de governo de Sebastião Melo e concentra-se na comparação dos conteúdos programáticos dos planos apresentados nas eleições de 2016 e 2020. Compara seu programa com os de seus concorrentes no segundo turno de cada uma destas eleições, Nelson Marchezan e Manuela d’Ávila. Analisa o contexto eleitoral, as metas e aprofunda as diferenças programáticas. O objetivo é apresentar ao leitor uma visão do percurso dos programas de governo de Sebastião Melo para explicar como elemento integrante de sua guinada de centro à direita, o que ampliou seu potencial eleitoral. Para o autor, como é possível que, com um programa inferior à de sua concorrente, Manuela d´Ávila, Sebastião Melo conquiste a Prefeitura? Porque o programa de 2016, superior ao de seu concorrente, Nelson Marchezan Jr, foi incapaz de lhe lograr a vaga do Paço Municipal? Obra de referência para o estudo de programas de governo, para o autor Sebastião Melo é um candidato dividido entre seu desejo de um programa social, inspirado nos ideais democráticos do MDB e outro neoliberal, que precisou elaborar para atender aos interesses de seus apoiadores.

O êxtase neoliberal
Clube dos Autores, 2021, 636 p.
A atualidade do tema deste livro está no fato de mostrar a face recente da Nova Direita, organizada em torno de governos que assumiram o poder e constituem a base da implantação do projeto neoliberal no país. O autor demonstra ao longo da obra a unidade ideológica de projetos de governo em níveis distintos de poder; analisa o caráter neoliberal dos governos dos presidentes Michel Temer e Jair Bolsonaro, do governador José Ivo Sartori, do Rio Grande do Sul e do prefeito Nelson Marchezan Jr, de Porto Alegre. Através destes níveis distintos de poder, Barcellos mostra a complexidade da dominação burguesa e do capital financeiro, que se aceleraram recentemente por que foram capazes de fundamentar a reprodução do capital nas relações políticas estabelecidas. E conclui que o capital, apesar desse novo estágio de exercício do poder, continua com o mesmo objetivo de implantar a velha dominação social através da estratégia do enxugamento de direitos para garantir seus lucros.

O Camarareiro da Rainha
Clube dos Autores, 2021, 500 p.
O Camareiro da Rainha: Estudos de Teoria e História da Cultura reúne estudos de mais de 30 anos do autor que viu o momento atual como ideal para publicá-los: para Barcellos, a atualidade da obra está no fato de que hoje vemos um processo galopante de destruição das políticas e bens culturais, como se falar de cultura não exigisse nenhum estudo anterior. Oferecendo uma visão geral de temas de teoria e história da cultura que ajudam o leitor a compreender a importância do tema e sua implicação com o Brasil, o livro é organizado em três partes principais. A primeira mostra como na análise da cultura se combinam diversos campos interdisciplinares da história cultural, explorando perspectivas que vão de interpretações tradicionais, marxistas e pós-modernas no âmbito das artes e da cultura; a segunda faz um apanhado histórico da produção cultural a partir de uma linha de tempo proposta pelo autor que tem no Renascimento o seu auge e a terceira mostra a evolução da cultura brasileira e o nascimento do mais perfeito veículo de comunicação da cultura nacional, a televisão.

O Olho de Cristal
Clube dos Autores, 2022, 392 p.
Com quatro obras publicadas sobre a Câmara Municipal de Porto Alegre, O Olho de Cristal conclui análise iniciada com Educação e Poder Legislativo. Nesta obra, o autor descreveu os projetos de lei de educação formulados no parlamento entre 2001 e 2008; na seguinte, O Olho de Deus, realizou sua análise do processo de reforma administrativa do parlamento do ano de 2005 e em O Olho do Crocodilo dedicou-se a analisar a função historiadora, educativa e de políticas públicas do parlamento. O Olho de Cristal finaliza com uma análise da vida cotidiana e do trabalho do Poder Legislativo. Para o autor, o parlamento é um lugar onde se aprende e de onde se aprende, possui uma intrínseca função educativa.Crítico da expansão do neoliberalismo na política, nesta obra para o autor as formas de expressão da vida cotidiana e as transformações do trabalho são essenciais como formas de resistência à dominação social. Inspirado no pensamento de Michel Mafessoli sobre o cotidiano e de André Gorz sobre trabalho, O Olho de Cristal é uma abordagem original do parlamento, que com as demais obras do autor, constitui uma inédita análise sobre a Câmara Municipal de Porto Alegre.

A corrosão do PT
Clube dos Autores, 2021, 196 p.
As sucessivas derrotas da esquerda no Rio Grande do Sul são um termômetro do antipetismo. Porto Alegre, a cidade em que o PT governou por dezesseis anos amarga a perda do governo desde 2005, e no estado do RS desde 2015. O que coloca a questão: após governar por tanto tempo, o que explica o antipetismo? Para autor, as explicações no crescimento da direita na cidade e no estado não são suficientes. É preciso encontrar as razões no desempenho do próprio partido durante esse período. Barcellos aponta o ano de 2002 como a data chave do um processo que levou a direita a ocupar espaços inimagináveis na Prefeitura de Porto Alegre e no governo do Rio Grande do Sul. Para o autor, enquanto o PT não realizar seu mea culpa, ele não retornará ao poder porque não completou sua expiação política, fugiu da dor de reconhecer suas fraquezas, momento necessário para enfrentar o antipetismo que se expande no país e no estado.

O Olho do Crocodilo
Clube dos Autores, 2021, 552 p.
O autor reuniu nesta livro estudos ao longo de uma década para mostrar que o Legislativo trabalha intensamente para sua cidade: da ação no campo da memória as iniciativas educativas, passando pelas ações do parlamento em projetos de proteção social, Barcellos mostra que, olhando do fundo do olho da instituição, encontramos iniciativas, projetos e ações que mostram que o parlamento de Porto Alegre como instituição é muito diferente de sua imagem pública devoradora. A conclusão do autor é que a Câmara Municipal de Porto Alegre pode ser um crocodilo sim, mas não é o de Plumwood, mas o de Hanna Barbera, o popular Wally Gator que, como o personagem dos desenhos animados, possui uma imensa vontade de ir à sociedade, conhecer seus problemas e propor soluções, mas enfrenta o problema de que ela a recusa e foge dela, exatamente como faz com Wally, pelo desconhecimento que tem de sua natureza e trabalho, o que os artigos aqui reunidos buscam esclarecer.

História da Paixão
Clube dos Autores, 2021, 700 p.
Saber e Moralidade, o primeiro tomo, analisava a moral sexual presente no discurso médico da Primeira República. A Pedagogia de Eros, o segundo tomo, analisava a sexualidade presente no discurso pedagógico da Educação Sexual da Nova República. Neste terceiro, que pode ser lido separadamente, é o último volume de sua trilogia do sexo em discurso, intitulada A História da Paixão, Barcellos disseca ainda mais a realidade histórica e desta vez, volta-se para a análise da sexualidade no discurso estético, da Antiguidade aos tempos atuais, como expressões que respondem, ou em alguns casos respondiam, a conceitos sobre paixão, sexualidade e erotismo, num estudo que vai dos mitos e narrativas antigas, como Eros e Psiquê e o Banquete de Platão passando pelas histórias de Tristão e Isolda e Abelardo e Heloisa, para mostrar as características que diferenciam a paixão do sexo e do erotismo. Sua trilogia, como a de Foucault, busca entender o discurso da sexualidade e da paixão e suas relações com a emergência do capitalismo comercial e industrial e inova ao abranger uma história mundial e brasileira num único volume.

Pedagogia de Eros
Clube dos Autores, 2020, 472 p.
Partindo do acompanhamento de programas de Educação Sexual no município de Porto Alegre no ano de 1990, este livro mostra a amplitude e a variância dos fenômenos relativos aos afetos na escola. A circulação dos sentimentos, para o autor, é tão importante quanto a circulação da palavra, dos saberes sobre o sexo e constitui-se um componente estrutural do sistema escolar.Além disso, o autor demonstra que aprendemos a amar à medida que experimentamos, sob múltiplas e variadas formas, a figura arquetípica de Eros, que constitui, nas palavras do autor, elemento integrante da sociabilidade de base escolar. A Pedagogia de Eros demonstra que há uma poderosa força orgíaca na escola, definida pela fusão do eu no coletivo e que deve ser desvelada pelos educadores sob o risco levar quaisquer programas de Educação Sexual ao fracasso pela saturação dos seus conteúdos de ensino frente a vitalidade da cultura escolar. A sombra de Eros insinua-se em nosso sistema escolar e deve ser levada em conta nestes programas, conclui o autor.

Estados Unidos
Clube dos Autores, 2021, 300 p.
A obra repassa quatro séculos de história para chegar a um retrato da condição contemporânea americana: ser estrangeiro no próprio país. Na linha inaugurada por Nelson Brissac Peixoto em Cenários em Ruinas (Brasiliense, 1987) Barcellos vê os Estados Unidos como o primeiro país a tratar tudo como imagerie, transformando sua história em personagens de cinema. Num mundo saturado pela mídia, fundaram uma mitologia pop a partir da sua história cujo objetivo era criar uma identidade a um lugar. Narrando a experiência americana da colonização à independência, e desta, às consequências da industrialização à política internacional, o autor aponta pequenos detalhes que foram essenciais nesta história. E vê, na história americana recente, o papel que Nova Iorque teve na construção desse imaginário, estabelecendo seus momentos chaves no ataque às Twin Towers e combate ao coronavírus para chegar a conclusão que a conquista da hegemonia cultural aconteceu porque os EUA, melhor do que outro povos, souberam traduzir o tema do exilio interno em sua cultura.

Saber e Moralidade
Clube dos Autores, 2020, 160 p.
A obra analisa as teses dos médicos formados pela Faculdade de Medicina entre os anos 1890 e 1940 e mostra a atuação da classe médica na construção de valores de reforço da ordem capitalista enquanto descreve a associação entre uma classe não dominante com classes sociais detentoras do capital através da reprodução e disseminação de suas ideologias para a sociedade. Seu autor descreve a criação do discurso médico-higienista em Porto Alegre através da disseminação de concepções morais de relacionamento entre os sexos, valores com relação à família, criação das crianças e das práticas sexuais na sociedade sul-rio-grandense que reforçam as condições da dominação social extramuros das fábricas. Estudo seminal para todos os pesquisadores que estudam o discurso médico como lugar de exercício de poder, a trama de conceitos de moralidade no nascimento do capitalismo gaúcho, é obra de referência no campo de análise do discurso médico e caminhos da construção de valores morais na passagem do século XIX para XX.

A impossibilidade do Real: introdução ao pensamento de Jean Baudrillard
Clube dos Autores, 2020, 236 p.
Quando você diz: «mas isso não é possível», o que você quer dizer? Baudrillard sabe. O filósofo e sociólogo francês foi um notável estudioso das formas do absurdo da vida contemporânea. Da cultura de massa à política, passando pelo terrorismo e pelas Twin Towers, nada passou desapercebido pelo olhar crítico de Baudrillard. O autor de «A guerra do Golfo não existiu», nutria uma admiração pelo funcionamento dos vírus e do câncer, cujo modelo, dizia, era excelente para explicar a sociedade que vivemos. Baudrillard, que faleceu em 2007, não conheceu o coronavírus, mas teria muito a dizer. Por isso é urgente retornar ao seu sistema de pensamento, que Barcellos recria com a maestria em «A Impossibilidade do Real», porque como diz o único filósofo citado no filme Matrix, o real não é aquilo que parece ser.

Tempos de Pandemia
Clube dos Autores, 2020, 432 p.
A obra reúne os ensaios do autor sobre a pandemia do coronavírus publicados na mídia eletrônica ao longo do primeiro semestre de 2020. Dividida em 11 capítulos, é a primeira obra que realiza uma ampla topologia do COVID-19, descrevendo sua repercussão no campo da economia, sociedade, política, subjetividade, educação, comunicação e outras áreas. A obra inclui ainda análise da repercussão da pandemia à nível municipal, estadual, nacional, compara as formas de combate do coronavírus na Nova Zelândia, Estados Unidos e México e descreve a construção de valores de solidariedade em conflito com iniciativas de reforço da ordem capitalista presentes nas políticas públicas e na vida em comum. Com um amplo capítulo dedicado às estratégias coletivas de combate ao coronavírus, Tempos de Pandemia é uma obra de leitura obrigatória para todos aqueles interessados nos aspectos sociais da pandemia, na sua apropriação para exercício de poder e na crítica das políticas públicas de seu combate empregadas pelo governo.

Educação e Poder Legislativo
Clube dos Autores, 2020, 700 p.
Como as Câmaras Municipais podem contribuir para a educação? E como seus atores interferem na produção legal? Eis as questões centrais de uma pesquisa que enfoca a contribuição do parlamento local na formulação de políticas públicas de educação no município de Porto Alegre no período de 2001 a 2008. Período marcado pela transição do governo do PT ao PMDB, a pesquisa descreve o processo da produção legal com o apoio da abordagem do ciclo de políticas públicas, considerando três etapas: a justificação do problema, a agenda governamental e a tomada de decisão. Estudo essencial no contexto de avanço do discurso neoliberal em educação com a defesa do desmanche do ensino público, aponta caminhos para educadores, sindicalistas e militantes usarem o espaço democrático do parlamento em suas lutas em defesa da educação. Inspirado em autores de ponta nas ciências sociais como Zygmund Bauman, Slavoj Zizek e Richard Sennet, o trabalho sugere a adoção de uma postura de luta no jogo político, bem como denuncia o potencial represado de contribuição do legislativo no ordenamento legal da educação.